Well that's new
"As coisas, as coisas são como são. Uns chegam outros vão" Mas ele não.
Ângelo Firmino não está de volta, porque nunca chegou a ir. Mas aos álbuns está de volta e sempre dentro do seu estilo, sem manias, a fazer o que quer e não só o que dá dinheiro.
Depois da Rapublica, AC começou nos albuns há 20 anos com o seu "Manda-Chuva" onde ficou conhecido por dizer a meninas para irem ter com os seus papás. Calculo que o objectivo era só que se desse mais valor aos pais, e se hoje os mesmos têm tantos direitos parentais foi por esta música....O quê? A música era sobre o quê? Bem, ao menos mostrou o que os papás não deviam deixar as meninas fazer.
Era o início de uma carreira que se em tempos era "Anda cá ao papá", "Princesa (Beija-me outra vez" ou simplesmente ser directo com "Vamos f*der", hoje é um AC mais maduro que produz, grava, "rappa" e tem problemas sentimentais como qualquer casal. Boss é hoje um pai de família, algo que se percebe também no som que faz, som este que parece ser cada vez mais perto do que o artista quer fazer.
AC tem um álbum pessoal, que fala sobre problemas de casais em dois duetos (Matay e Ella Nor), mostra as suas raizes cabo-verdianas com os Supa Squad e Ferro Gaita (Catchupa Sab e É si propi), mostra partes do passado e da sua luta em "Portas e Janelas" e "Diabo na Terra" e ainda em "O Verdadeiro" com os companheiros Black Company e ainda mostra respeito ao que já foi feito com samples simplesmente espectaculares de Tonicha (A bala) e também no que considero ser o melhor do álbum. Infelizmente não sendo pelos melhores motivos, AC usa um sample de Paulo de Carvalho (Maria Vida Fria) e deixa por momentos de ser o Boss e grava como Ângelo. O amigo de Bernardo Freitas Pinto, o DJ Bernas, falecido no ano passado. Um som completamente despido de género de rap, de métrica, seja do que for. Em 7 minutos mais ou menos, AC mostra algo completamente pessoal, algo que fará toda a gente identificar-se.
"A vida Continua" é, em suma, um conjunto de histórias de AC, bem ao seu estilo, cheio de sons africanos, portugueses e muitas vezes brasileiros sobre o dia-a-dia que podia ser o de qualquer um de nós.
Um grande álbum que saiu na passada 6f e está agora disponível para escutarem no Spotify aqui no blog.
Fica aqui também o video do primeiro single, "Por favor (Diz-me)" acompanhado de Matay.
Saudações eestianas.